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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O rosa do movimento estudantil e dos gays...

No começo dos anos 1980, houve uma espécie de “limpeza” de homossexuais e prostitutas das ruas de São Paulo comandada pelo delegado José Wilson Richetti. O antropólogo Peter Fry e o sociólogo Edward MacRae descrevem o momento: “Os métodos eram os de sempre: batidas relâmpago nos locais de reunião, a prisão ilegal para averiguação de antecedentes, mesmo no caso de pessoas com seus documentos em ordem, e o emprego de uma brutalidade extremada especialmente no caso de prostitutas e travestis. O movimento homossexual reagiu e, acionando os seus contatos com os movimentos feminista, negro e estudantil, promoveu uma inusitada passeata pelo centro da cidade como forma de protesto. Quase mil pessoas atenderam à chamada, prostitutas, alguns membros dos movimentos negro, estudantil e feminista, mas sobretudo um grande contingente de homossexuais, que deram o tom do evento através de palavras de ordem tipo: 'Agora já, queremos é fechar', 'ABX, libertem os travestis', 'Richetti é louca, ela dorme de touca', etc...”Isso mostra já no começo do chamado movimento gay, que as preocupações saiam para além de seu próprio umbigo. No trecho narrado acima, temos o detalhe importante da participação de outras minorias e movimentos sociais na passeata que hoje é um dos marcos históricos da militância gay no país.Entender que a questão da homofobia é ampla e que ela não será superada por completo se não se resolver a misoginia, principalmente, mas também o racismo e outras formas de preconceito é a mensagem subliminar que essa manifestação dos anos 80 parece nos sussurrar até hoje.Nesta quinta-feira, 24, houve uma passeata dos estudantes da USP que resolveu abrigar outras bandeiras além das que eles estão travando atualmente como a questão da segurança nos campi e uma maior democratização da reitoria e suas decisões, além de melhorias na qualidade de ensino no país, mas também estava em questão a violência e a omissão policial e do Estado. Aos gritos: “Mas que vergonha, achar que a greve é por causa da maconha”, eles explicavam o que estavam fazendo ali na Paulista.Como disse, outras bandeiras estavam unidas nessa passeata que teve um tom internacional, já que estudantes no Chile e de outros países também marcaram a mesma quinta para manifestações.



Um detalhe nada bobo era que a cor da passeata não era o tradicional vermelho, ligado às esquerdas históricas, nem o preto, que sempre dá o tom de luto. Grande parte dos manifestantes estavam de cor de rosa. Em uma bem humorada tiração de sarro da PM, muitos se intitulavam Tropa de Shock, dando uma resposta de leveza à brutalidade.O rosa é, por definição, uma cor das mulheres - quando nasce, se é menina, ela logo terá roupas e objetos dessa cor. O rosa é também a cor que "identificava" há algum tempo se um homem era gay. Transformar o rosa em símbolo de um movimento é subvertê-lo de sua apreciação ligada no senso comum a algo frágil.


O mais encantador é que mesmo em pequeno número os gays estavam lá empunhando suas bandeiras – sei, a linguagem está militante, mas impossível escrever de outra forma. Desde casais do mesmo sexo expressando afetividade no meio da passeata, a bandeira do arco-íris até um cartaz de apoio ao movimento estudantil e de inserção da questão da homofobia no debate com os dizeres: “Criminalizem a homofobia. Não os movimentos sociais”.


Esse vínculo e essa inserção que muitos gays hoje fazem com o histórico do movimento homossexual no país é um dos fatos políticos mais importantes que estão acontecendo com os LGBTs e o atual momento de convulsão social - natural das democracias.Até porque os que chamaram os estudantes de “maconheiros playboys mimados” são da mesma mentalidade que acreditam que as bichas são “anormais e querem instalar uma ditadura gay no país”. O bom e velho reacionário que prega a desinformação de peito aberto para a intolerância.



***Depois da passeata, encontrei com o jornalista Xico Sá que me disse a seguinte frase: “É sempre um bom sinal quando os estudantes saem às ruas”. E de certa forma, os gays estavam juntos nesse bom presságio.



Enviado pela Robs, por e-mail.
Fonte: http://blogay.folha.blog.uol.com.br/arch2011-11-20_2011-11-26.html#2011_11-24_23_49_10-159984795-0

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